Provavelmente, se for fã da saga Crepúsculo vai querer matar-me depois de ler esta crítica. Eu já li os livros (não que isso seja necessário para avaliar o filme), fui fã durante uns tempos e agradeço a Deus por me ter aberto os olhos quanto à quantidade de erros, contradições e disparates que Meyer escreveu.
Stephenie Meyer é actualmente capaz de meter inveja a qualquer escritor… Graças à saga Crepúsculo, conquistou uma legião de fãs com a história de amor entre um vampiro e uma humana. Já não se via algo assim acontecer desde Harry Potter e deve ser por isso que surgem imensas comparações entre as sagas.
Em 2008, foi lançado o primeiro filme Crepúsculo, que lançou a distribuidora Summit Entertainment para o sucesso, depois da Warner ter recusado o roteiro. Robert Pattinson (Harry Potter e o Cálice de Fogo) e Kristen Stewart (Sala de Pânico) passaram a ser os actores da geração teen e um dos casais mais queridos, conquistando milhares de fãs histéricos (as).
Uma coisa que salta à vista é o marketing que a Summit sabe fazer: se o casal nos livros conquistou tantos fãs, como seria se houvesse o casal na realidade? Robert e Kristen passaram então a fazer o jogo do casa-e-descasa com os fãs, preenchendo centenas de páginas de revistas, roubando a atenção até ao casal Pitt-Jolie e claro, fazendo imensa propaganda aos filmes.
Passemos enfim à crítica do filme.
Lua Nova continua a história do casal Bella (Kristen Stewart) e Edward (Robert Pattinson), que após conflitos com outros vampiros no filme anterior, vivem agora felizes. Mas essa felicidade não vai durar muito. No 18º aniversário de Bella, os Cullen preparam-lhe uma festa, que acaba mal depois de Jasper tentar atacá-la quando ela se corta e começa a sangrar. Edward afasta-se de Forks e deixa Bella abandonada e desesperada com a partida do seu amor. É aí que entra Jacob (Taylor Lautner), que se revela um amigo fiel e também um inimigo para os Cullen, pois ele é um lobisomem.
Depois dos bem arrecadados US$ 383 milhões com o primeiro filme, o que se esperava era um maior investimento neste. Mas não. O orçamento foi apenas US$ 13 milhões mais caro que o anterior (para ter uma ideia, em Lua Nova gastou-se cerca de US$ 50 milhões, o que é muito pouco, para um franquia de grande sucesso).
Conclusão: se os efeitos especiais e a maquilhagem metiam dó no filme anterior, neste não houve grandes melhorias.
A transformação dos lobisomens (até fiquei seriamente em dúvida se não seriam mesmo só cães maiores) é bem estranha, quase que saída de um jogo de Playstation. A cena de luta entre dois lobisomens faz até lembrar a Bússola Dourada (o realizador é o mesmo) e os efeitos especiais ficam bem aquém das expectativas aí.
Quanto à maquilhagem, continua exageradamente artificial nos vampiros, tornando-os demasiado brancos, com os lábios quase pintados, o que desvia a atenção de uma pessoa e faz lembrar ligeiramente um travesti. A dos Volturi, é a pior e chega a dar vontade de rir.
Crepúsculo é também comparado a Romeu e Julieta (o que Shakespeare consideraria um insulto se estivesse vivo) e depois de várias negações, é confuso que tenham incluído uma cena em que Edward recita versos do livro, durante uma aula.
De um filme de vampiros, espera-se além de acção, cenas sombrias. A única cena sombria que vi (com uma fã quase a saltar de entusiasmo à minha frente, no cinema) foi quando Bella resolve subir para a mota de um desconhecido e provar que realmente tem tendências suicidas.
Com um ritmo de filme arrastado, imensas sequências desnecessárias em câmara lenta, cenas despropositadas e actores inexpressivos, o filme pode ser considerado um dos piores do ano.
Mas então, por que é que Lua Nova já quebrou recordes de estreia, ultrapassando filmes como “Batman: O Cavaleiro das Trevas” e “Harry Potter e o Príncipe Misterioso” e continua a arrecadar tanto dinheiro?
Uma palavra: fanáticas. É isso que vai encontrar na sala de cinema (tal como eu encontrei). Fãs completamente histéricas que gritam cada vez que algum rapaz tira a camisola. E isso acontece a cada cinco minutos de filme, seja por parte de Robert Pattinson ou de Taylor Lautner.
Falando em Taylor Lautner, este jovem actor é o único que ainda deve receber alguns louvores, pois a sua representação desde o filme anterior, melhorou, embora seja frustrante ver o seu talento desperdiçado com as centenas de cenas em que aparece em tronco nu.
Já Kristen Stewart é sem dúvida, a pior actriz de todo o filme. Em nada melhorou desde Crepúsculo e é enervante a maneira como passa o filme inteiro completamente inexpressiva. Seja a chorar, a rir, com raiva, com medo, Kristen mantêm a mesma expressão, ficando demasiadas vezes de boca aberta, a olhar para o vazio.
Robert Pattinson continua a não desenvolver a sua personagem, mostrando-a algo distante e até fria neste filme. As suas expressões faciais também não melhoraram e dizer estar loucamente apaixonado, fazer bonitas declarações de amor, mas ficar com uma cara de sofrimento todo o filme, não combinam.
Este suposto triângulo amoroso nem sequer foi mostrado devidamente no filme. Bella e Edward continuam a ser o casal principal, com um romance demasiado açúcarado e cheio de frases melosas que podem fazer subir os diabetes.
A banda sonora também não é das melhores, composta por músicas lentas e de melodias algo repetitivas, que para quem não estiver a gostar do filme, o mais certo é adormecer.
Os Volturi acabam por salvar a desgraça do filme, na sua breve aparição, no final. Apesar da desastrosa maquilhagem, Michael Sheen e Dakota Fanning dão ao filme um novo enfâse, embora demasiado tardio.
A a luta entre os Volturi e Edward foi das piores cenas, alternando com momentos rápiros e outros lentos, dando a sensação de uma montanha-russa.
Para quem quiser rir um bocado, os momentos em que Edward aparece a brilhar como purpurina, em flashbacks de Bella, são hilários. O facto de um vampiro brilhar ao sol, é simplesmente tão original e também absolutamente absurdo. O cúmulo é mesmo quando Alice mostra a Aro, dos Volturi, uma visão de Bella transformada em vampira onde ela e Edward aparecem a correr juntos pelo campo e, imagine-se, a brilhar… Pior do que isso só mesmo o guarda-roupa deles nessa cena.
Em suma, o final foi bastante pobre, com aquele “cheirinho” de continuação, depois de Edward pedir a Bella para se casar com ele e mais uma vez, Bella limita-se a olhar de boca aberta, provando que Kristen realmente não combina com este papel.
O bom do filme? Chris Weitz conseguiu que este filme fosse muito mais fiel ao livro, o que certamente agradará aos fãs. Os cenários em Vancouver (Canadá), Itália e uma pequena cena no Rio de Janeiro, são bem agradáveis e claro, os Volturi quase que fazem valer o dinheiro e o tempo desperdiçado a ver Lua Nova.
Se for fã, irá ser um prazer e um entretenimento ver Lua Nova. Porém, para os mais velhos, críticos, amantes de cinema e até fãs de vampiros, se procura um bom filme, este não é de todo o mais aconselhável.
NOTA (1 a 10): 4
A.Carolina